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Da coroa, coroação, aclamação, e outros

No detalhe do quadro a coroação, por Debret pode-se notar que há nessa imagem muitos aspectos do ritual napoleônico transplantados para cá por D. Pedro I e José Bonifácio.

 

TUDO em Portugal remete a Bizâncio, a Constantinopla, a Grécia, raramente a Roma. A influência do cristianismo bizantino em Portugal é tremenda. Como esse fato foi escamoteado pela historiografia dominante por tantos séculos? Usando do artifício de chamar a “mouro” tudo que não fosse católico romano. Há uma infinidade, infinidade mesmo, de artefatos arqueológicos sobre isso. O Brasil desconhece completamente o assunto e aplica com a maior desfaçatez as falácias da incredulidade pessoal e do ônus da prova.

 

A tão propalada tese da catolicidade portuguesa cai por terra quando se constata que dos 34 Reis portugueses 19 foram excomungados pela Igreja de Roma. Portugal é um pais cristão, mas, não é católico romano. Perverter esses dados é fraudar a história.

 

Importa não confundir SAGRAÇÃO, ACLAMAÇÃO e COROAÇÃO. São atos e ritos completamente distintos, que podem, ou não estar juntos ou identificados.

SAGRAÇÃO é o ato estritamente religioso, um rito litúrgico

ACLAMAÇÃO e/ou COROAÇÃO é ato político, social, cultural, embora num caso ou noutro possam, ou não, estar juntos, ou mesmo identificados.

 

Realmente, o Brasil está absolutamente exaustivo. Quando se fala que Portugal NUNCA teve COROAÇÃO dos Monarcas as pessoas acham que pelo fato do rei portar uma coroa ele foi COROADO!!!! Tenha santa paciência!!!

 

D. Pedro II com a coroa/mitra Imperial e o cetro/báculo/bastão do peregrino alongadíssimo. Ambas as novidades dos símbolos do poder foram criados por D. Pedro I e José Bonifácio.


 

Outro dado importantíssimo: o DRAGÃO é um símbolo da Coroa Portuguesa e não da Dinastia dos Braganças

 

D. Pedro I foi coroado com vestimenta militar. Ninguém se pergunta a razão disso? Algo sem precedentes na Monarquia Portuguesa. outra criação teratológica do futuro Imperador e José Bonifácio.


 

As distinções entre a tradição da Monarquia Portuguesa e o Império do Brasil podem ser melhor notadas comparando-se as vestes reais de ambos os soberanos (D. João VI e D. Pedro I), o do Reino Unido e o do Império do Brasil. As diferenças são abissais. Mas só as percebe quem entende de fato do assunto. O Império do Brasil além de uma fraude é uma usurpação.


 

As Monarquias da Comunidade Europeia são um teatro. No Reino da Bélgica, a “Instalação Real” é feita por um juramento solene no Parlamento, onde o rei veste um uniforme militar: o rei não é reconhecido como de direito divino. Só assume o cargo público hereditariamente no serviço da lei, para que ele, por sua vez emposse todos os membros do “seu” governo federal. Em suma, trata-se de um funcionário público.

 

A coroa Portuguesa era ABERTA até D. Sebastião, cujo modelo era oriundo desde a primeira Dinastia de Borgonha. A partir de D. Sebastião a coroa fecha-se em aros tornando-se IMPERIAL. Esta simbologia IMPERIAL advém do IMPÉRIO DO ESPÍRITO SANTO. Entre este IMPÉRIO de D. Sebastião e o Império de D. Pedro I a semelhança que existe equivale à da uva com o cascalho

 

A coroa Imperial que D. Pedro concebeu para si fez um “ajuste” singular na coroa IMPERIAL Portuguesa que havia sido criada por D. Sebastião (último Rei da Dinastia de Avis): os arcos foram estendidos transformando-a numa espécie de tiara Papal. Portanto, o Monarca assume-se simbolicamente (?!) como pontífice. Esses “detalhes” mimosos do Império do Brasil são tratados com leveza displicente.

 

Os Reis portugueses eram ACLAMADOS, e não COROADOS. Os reis europeus eram COROADOS. Essa mínima distinção basta para tornar mais do que evidente que a imensa maioria da historiografia nacional ou escamoteia fatos ou não sabe a real distinção entre ambos

 

O hábito de categorizar os pensamentos nem sempre resulta em clareza histórica. No Brasil há uma febre na busca de pensadores conservadores. Há uma razão legítima para isso fundada na necessidade de um contraponto ao domínio marxista. No entanto, há de se ter cautela. À guisa de exemplo, temos a obra do gigante intelectual mineiro João Camilo de Oliveira Tôrres, tido por alguns como uma espécie de Mário Ferreira dos Santos da historiografia nacional, por sua interpretação e percepção da realidade brasileira. Sua obra “Democracia Coroada”, expõe a natureza do Poder Moderador, bem como, sua necessária permanência como símbolo da nação, à época em construção. Ocorre que, no geral dos casos, os pensadores “conservadores” passam ao largo da história de Portugal, mantendo a linha criada no Império. Conta-se nos dedos os que conseguem romper essa teia de circularidade. Assim, enquanto os principais temas que perpassam TODA a história portuguesa lhe conferindo sentido e valor não forem considerados a imagem que se terá sobre Portugal e o Brasil será um nevoeiro denso. Essas temas são: Mito de Ourique, Ordem do Templo de Portugal, as Três idades do Mundo de Joaquim de Fiore e o Quinto Império, Sebástica/Messianismo/Profetismo/Providencialismo .


TODOS esses temas que constituem o NÚCLEO da História e da Cultura Portuguesas são tido como espinhosos para a Igreja de Roma. A historiografia brasileira quer desconsiderar esse fato, bem como, ajustá-lo aos cânones da Igreja. O resultado disso, é um anacronismo sem precedentes A tão propalada tese da catolicidade portuguesa cai por terra quando se constata que dos 34 Reis portugueses 19 foram excomungados pela Igreja de Roma. Portugal é um pais cristão, mas, não é católico romano. Perverter esses dados é fraudar a história.

 

O Império do Brasil ( à parte os malabarismos verbais de seus defensores) retirou o FIM SOBRENATURAL dos homens inserindo-os no FIM TEMPORAL. Galvão de Sousa explica o que significa um Estado temporal , que é precisamente o projeto maçônico do Império do Brasil:

“Igreja e Estado – por José Pedro Galvão de Sousa (1912 – +1992)

A Sociedade civil tem um fim temporal. Os homens nela reunidos, através das famílias e de outros grupos que a compõem, procuram os bens de que carecem, mediante um esforço comum coordenado pela autoridade que a governa.


Esse mesmos homens têm um fim sobrenatural. Acham-se de passagem neste mundo. Peregrinos em demanda da Eternidade, conforme o seu viver terreno receberão a eterna recompensa ou o castigo eterno.

A graça de Deus permite-nos vencer a nossa própria natureza, que, em consequência da queda dos nossos primeiros pais, se tornou rebelde e inclinada para o mal. Essa vitória sobre o “eu”, sobre o homem velho do pecado, que está em cada um de nós, significa o vivermos a vida do homem novo pela graça de Cristo Redentor. É, pois, uma vitória sobre a natureza corrompida pelo pecado; é a elevação do homem, alcançando a sua perfeição, pela união com Deus, a cuja imagem e semelhança ele foi criado.

A ordem da graça é infinitamente superior à ordem natural dos sentidos (vida corporal) ou à da inteligência.

O naturalismo dos nossos dias quer reduzir a vida humana a estas ordens inferiores. Daí provém, na organização das sociedades políticas, a concepção do Estado leigo ou secularizado, que fecha os olhos ao fim sobrenatural do homem.

O Estado tem um fim precipuamente temporal, que, por isso mesmo, se subordina ao fim superior e último do homem. Cabe-lhe, pois, proporcionar a todos condições de ordem temporal que não prejudiquem, mas antes favoreçam o bem espiritual.

Daí as relações entre a sociedade política e a sociedade religiosa ou a Igreja.”

Bibliografia: SOUSA, J. P. Galvão. Iniciação à teoria do estado : roteiro de princípios. São Paulo: J. Bushatsky, 1967. Pág. [37]-38

 

Breve nota biográfica sobre JOSÉ PEDRO GALVÃO DE SOUSA, intelectual de proa perseguido e ostracizado pela academia brasileira, especialmente dentro da USP e PUCSP que ajudou a fundar. Depois de conhecer os teóricos do integralismo lusitano, principalmente António Sardinha, Galvão de Sousa tornou-se a partir daí o grande difusor do tradicionalismo político ibérico no Brasil. Seus estudos jurídicos comprovam a fraude do BRASIL COLÓNIA.

link: http://votocatolico-dicionario-de-politica.blogspot.com.br/2011/05/jose-pedro-galvao-de-sousa.html

 

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