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Ilhas Míticas

“Meu caro Amigo, isso de alegria está na Ilha lingínqua, aquela que V. e eu sei e nenhum de nós sabe.” FERNANDO PESSOA (Carta a Cortes Rodrigues)

O primeiro post da série de artigos sobre iconografia apresenta o tema das Ilhas Míticas, ou Encantadas e traz fragmentos da publicação Cadernos da Tradição História e Identidade dos Povos de Língua Portuguesa – A Ilha Brasil – Série 2,Vol. 6, Mar/2014 que apontam fontes primárias e iconografia relacionadas ao tema.

É intenção desta série de publicações apresentar um panorama amplo de materiais iconográficos sobre temas do imaginário luso-brasileiro, bem como oferecer fontes de investigação sobre iconografia.

“A crença numa Ilha dos Bem-Aventurados é partilhada entre os gregos, os celtas, os lusitanos, os árabes, os germanos. Este mito e suas diversas variações descrevem o caminho para um Outro Mundo geralmente tido como uma ilha perdida no oceano, situado num lugar afastado do Ocidente. Entre os celtas, a referencia a este Outro Mundo à oeste do oceano Atlântico possui múltiplas representações. Esta ilha ou país misterioso, em realidade é um local limite, uma passagem para uma outra dimensão ou um mundo sobrenatural. Diversos autores clássicos falam dessas ilhas maravilhosas. Dentre eles, Aristóteles (Notícias Maravilhosas, 837, a, 7); Diodorus Siculus (Livro V, 19, 1-5); Procopius (A terra dos mortos); Hecateu de Abdera e Plínio (IV 26) e seu tratado sobre hiperbóreos; Plutarco, Flavius Philostratus e Plínio o Ptolomeu falam de ilhas sagradas no Atlântico associando-as aos Campos Elísios; Homero (Odisséia:24.5-9). Hesíodo (Os trabalhos e os dias)(Erga 109-19; 169-73); Luciano da Samotrácia (Como Lucino da Samotrácia viajou par a aLua e depois foi engolido por uma Baleia); Pausânias e a ilha dos Sátiros; Santo Isidoro (Etimologias); Platão (Timeu e Crítias) (Górgias): Desde o tempo de Saturno, era uma lei entre os homens, que sempre existiu e que subsiste inda entre os deuses, que aquele mortal que levou uma vida justa e santa vá, depois de sua morte, às Ilhas Afortunadas onde será feliz ao abrigo de todo o mal.” Loryel Rocha, p.125

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Mapa de Vinland – data aproximadamente 1433 A.D.


Carta Marina Olaos Magnus – 1539

“Em diversos escritos medievais (de resto, na esteira do que já haviam postulado São Basílio, São Crisóstomo, Santo Ambrósio e São Gregório) e mesmo em quinhentos, o mundo “dos homens” configura-se como um oceano tormentoso, cujo desbravamento compete, primordialmente, àquele que se propõe o aprimoramento da Alma. Desse modo o tema da navegação, enquanto variante da Viagem Mística da Alma (com descrição do Paraíso 1) se tornou metáfora de ascese, ou demanda espiritual, bem-sucedida se desvelada a “Ilha metafísica”. Eis a razão porque as ilhas míticas, flutuantes, ou encantadas, essa quarta parte do mundo 2, quaisquer que hajam sido as designações e nomenclaturas pelas quais tenham sido consagradas, concitaram a imaginação da humanidade de todas as latitudes. São justo testemunho desta particular atenção, sem prejuízo de outros exemplos: 1.Na literatura: 1.1 A Vida de São Brandão [BN: cod. Alc. CCLVI/380, fl. 41-40];

São Brandão na Ilha americana de Ocaso (Livraria Digital de Obras Raras de São Paulo) 1.2 O Conto do Amaro: Obedecendo a uma ordem divina, Amaro empreende a demanda marítima do paraíso, acompanhado por 15 outros mareantes. Epopeia influenciada por um género literário céltico, denominado Immrama, o qual descreve viagens oceânicas em busca de Sid, o Outro Mundo Pradisíaco. O texto acha-se consignado no cod. Alc. CCLXV/2274 e em Ho flos sanctorum em lingoage português (1513), fl. 65-70. Cf Otto Klob, A Vida de Sancto Amaro: texte portugais de XIVe siècle, in Romania,30 (1901), p.504-518.; 1.3 Os Autos, da Barca do Inferno, da Segunda Barca que é a do Purgatório, da Terceira Barca que é endereçada à embarcação da Glória, de Gil Vicente;

Ilustração da edição original do Auto da Barca do Inferno 1.4 O episódio da Ilha dos Amores (in Os Lusíadas);

Pintura da Ilha dos Amores de José Malhoa Museu Nacional de Soares dos Reis,, Porto, Portugal 1.5 a xácara intitulada A Nau Catrineta (Clique na imagem)

2. Em programas iconográficos: 2.1 Matriz de Vila do Conde (fachada);

2.2 Igreja manuelina do convento de Cristo, em Tomar;

Regimento do Norte, na fachado poente da Igreja manuelina do convento de Cristo,                                                                                              segundo o Livro de Marinharia quinhentista de Bernardo Fernandes

2.3 Claustro do mosteiro dos Jerónimos;

2.4 Medalhões em talha dos altares laterais da igreja do Espírito Santo (Évora).”

Vídeo sobre o livro Cadernos da Tradição História e Identidade dos Povos de Língua Portuguesa – A Ilha Brasil – Série 2,Vol. 6, Mar/2014 Manuel J. Gandra, p.151

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