Arquipélago mítico já consignado pelos clássicos e por Santo Isidoro de Sevilha (século VII). Assinalavam os limites ocidentais do mundo, reportando-se às ninfas da mitologia antiga, as guardiãs do Jardim das Hespérides, localizadas no sopé do Atlas, onde se encontravam as maçãs, ou pomos, de ouro.
O classicismo quinhentista interessou-se por estas referências mítico-lendárias e cultivou-as. Camões, por exemplo, não deixa de cantar as Hespérides na estrofe:
“Passadas tendo já as Canárias ilhas,
Que tiveram por nome Fortunadas,
Entrámos, navegando, polas filhas,
Do velho Hespério, Hespérides chamadas” .
António de Galvão deriva o nome Hespérides do rei Hispalo, que governou a Espanha no ano 650 depois do dilúvio, “em cujo tempo se diz que foi descoberto até o Cabo Verde, e querem alguns dizer que [até] à ilha de São Tomé e Príncipe”. A talhe de foice, discorda que se trate das Antilhas, consoante Gonçalo Fernandes de Oviedo preconiza nas suas Crónicas das Antilhas.
Na cartografia, estas ilhas relacionam-se mais com as Canárias do que com Cabo Verde, arquipélago por alguns autores associado às Dórcadas ou Górgonas (vd.), também mencionadas por Camões.
Fragmento do livro GUIA TEMPLÁRIO DE PORTUGAL: A DEMANDA DAS ILHAS MÍTICAS, Gandra, Manuel J., novembro 2016
O Jardim das Hesperides, 1891-2 Frederic Lord Leighton
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