Já escrevi sobre isso e torno a postar. O objetivo é mostrar que os estudos da história política do Brasil é ENDOGÂMICO, isto é, a classe política/econômica/militar/jurídica dominante desde 1822 configura uma "dinastia familiar", tem um "método" de eletividade que é passado de "pai para filho".
Em 2015, a Fundação Casa da Cultura/MG, o IMUB, e a Fundação José Aparecido de Oliveira, lançou o livro "Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, Símbolo de Cultura, História e Fé", onde no cap. 1 está o artigo inédito do historiador e genealogista Carlos Barata/IHGB-RJ "Genealogia da Família Ponce de León e a Igreja Matriz Conceição do Mato Dentro". Ponce de León é uma das personagens envolvidas na mineração do Brasil (sécs. XVII e XVIII) membro de uma das mais ilustres Casas de Leão e Castela e cujos descendentes e círculos de relação ainda hoje constituem famílias ricas e poderosas em São Paulo.
Outro dia, postei sobre a família de Arthur Lira. A família Dino, Collor, Neves, Vargas e os Bolsonaros, etc, seguem nessa linha. Famílias na política são um clássico. Raimundo Faoro utilizou este dado e, numa falácia, igualou a elite brasileira pós 1822 com a Nobreza Portuguesa de 1500-1822, atribuindo o patrimonialismo como "herança lusitana". Má fé pura, porque um intelectual dessa monta não pode desconhecer o básico do funcionamento da Coroa Real Portuguesa, cito aqui apenas os direitos e os DEVERES de padroado e o de avoenga para com o Estado e o povo. A elite política nacional pós 1822 nunca teve tais DEVERES. Isto é, essa elite, pessoalmente, não usa seu patrimônio em benefício do Estado e do povo, ao contrário, suga o Estado e o povo.
Os estudos genealógicos aplicados ao campo político são ainda muito escassos no Brasil. E é preciso fortalecê-los. Neste aspecto, cabe destacar o trabalho do sociólogo Ricardo Costa de Oliveira/UFPR sobre a abrangência e os efeitos do capital político familiar nas instituições de poder e de como eles usam da política e do Estado para manter seus privilégios e fortuna pessoais.
O avô de FHC, ten. Joaquim Ignacio Batista Cardoso, o ten. Sebastião Bandeira e o major Sólon Ribeiro encarregados de comunicar ao monarca a República, propõe fuzilar D. Pedro II caso ele "resistisse" Benjamim Constant, não ocultando o mal estar da proposta afirma: "Oh! o senhor é sanguinário! Ao contrário, devemos rodeá-lo de todas as garantias e considerações, porque é um nosso patrício muito digno". A família Cardoso fará parte do governo de Vargas até a Ditadura Militar. O pai de FHC era general.
Bibliografia sobre esse episódio:
1) Ernesto Sena "Deodoro: subsídios para a história";
2) Elmar Bones Costa "A espada de Floriano";
3) Fernando Henrique Cardoso "A arte da política: a historia que vivi";
4) Arquivo do avô de FHC (Joaquim Ignacio Batista Cardoso) na Fundação FHC;
5) O jornalista e viajante francês Max Leclerc foi enviado ao Brasil, em Dezembro de 1889, para escrever sobre a recém-instalada República, pelo "Journal des Débats", de Paris, um dos diários mais influentes da França. A coletânea de artigos foi publicada, em 1942, pela Editora Nacional, em forma de livro, traduzido por Sérgio Milliet com o título “Cartas do Brasil”.
Loryel Rocha
Capa do Livro "Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição:
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