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AMULETOS da Tradição Luso-Afro-Brasileira – AGNUS-DEI

Amuleto cristão, talvez originado nos discos de cera que os Romanos ofereciam durante as Saturnálias. Pequeno medalhão feito da cera de um círio pascal (cujo resto era desfeito no dia da Ascensão, para ser distribuído aos fiéis em pequenos pedaços), em que se gravava um cordeiro. Queimava-se em casa, nos campos ou nas vinhas, sendo considerado poderoso preservativo contra o demónio, as trovoadas e as tempestades. Em Roma, o arcediago tomava outra cera (que não a de um círio pascal), benzia-a, ungindo-a com bálsamo e santos óleos, fazendo dela pequenas figuras de cordeiros que distribuía pelos fiéis. Posteriormente passaria a ser benzido na capela Sistina pelo Papa no primeiro ano do seu pontificado e, depois, de sete em sete anos, durante o tempo pascal: o próprio pontífice distribui os Agnus-Dei solenemente no Sábado in albis, aos cardeais, bispos e outros assistentes admitidos às cerimónias. Usado ao pescoço protege contra feitiços.

Os juízes de processos de feitiçaria eram aconselhados a usar um Agnus-Dei pelos autores do Malleus Malleficarum. Jerónimo Cortez assevera que “quem o levar consigo, será livre de temporais, tormentos, de saraiva, coriscos e raios” (Fisiognomia e vários segredos da natureza, Coimbra, 1706, p. 162), acrescentando que “será também [o portador] preservado de peste, de gota coral, e de morte súbita, como o Sumo Pontífice pede a Deus em uma das orações que recita quando os sagra”. Os navegadores portugueses a ele recorriam em momentos de aflição, como se constata pela passagem seguinte da História Trágico-marítima (Relação do naufragio da nao Santiago, no ano de 1585, tomo 2, 1736): “[…] Mas quis Nosso Senhor, que amainou logo o vento pela virtude dos Agnus Dei, e relíquias que deitaram ao mar”. Em Valpaços usa-se como amuleto contra as sezões, porém é no domínio da obstetrícia que obtém maior aplicação: “Também tem virtude muito grande para livrar as mulheres, que estão de parto, de todo o perigo dando-lhes esforço, e ânimo naquele aperto” (Lunário e prognóstico perpétuo geral, Lisboa, 1757, p. 262) ou como sugere Jerónimo Cortez: “Notai uma grande excelência, e virtude do Agnus Dei e é que a mulher, que andar de parto, e estiver em perigo de não poder parir, lhe dareis três pedacinhos pequeninos a beber em uma pouca de água, e tendo fé parirá sem lesão nem perigo, como muitas vezes eu vi: E tendo devoção de dizer Agnus Dei, miserere mei, qui passus es pro nobis, miserere nobis”. Em 17 de Novembro de 1717, foram depositados nos alicerces da capela-mor da Basílica de Mafra, da parte do Evangelho, dentro de duas caixas de ouro redondas, outros tantos Agnus Dei: um de Inocêncio XI e outro do Pontífice reinante (Clemente XI). Bibliografia: VITORINO, Pedro, O Agnus Dei e a Medicina Popular, in Arquivo de Medicina Popular, v. 1 (1944), p. 81-86

Fragmento do livro AMULETOS da Tradição Luso-Afro-Brasileira de Manuel J. Gandra

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