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AMULETOS da Tradição Luso-Afro-Brasileira – ANEL

Círculo que preserva de todas as influências malignas. Emblema de aliança, de acordo ou pacto firmado entre partes. Na aura popular o anel é um objecto dotado de função ora terapêutica, ora oracular (pêndulo), ora profiláctica, enquanto amuleto (anéis de aço, da unha da grã besta, da fava, etc). Certos anéis possuem o condão ou capacidade mágica de eliminar determinadas dores e maleitas (terçolho, farpão, erisipela, enxaqueca, etc.). A tais anéis de virtude dá-se o nome de *sortelha das virtudes (Padre Manuel Consciência, Academia Universal, p. 150). Nos contos tradicionais citam-se anéis que, postos na boca ou escondidos na mão, tornam invisíveis as pessoas que os detêm. Um anel de opala torna feliz a pessoa que o possui. Em Azurara, realiza-se a Romaria dos Anéis, à Senhora das Neves (5 de Agosto), durante a qual se vendem muitos anéis de prata dourada com uma medalhinha da Senhora das Neves e outros de chumbo com corações.

Segundo B. Pereira, os anéis feitos do primeiro dinheiro oferecido em sexta-feira Santa curam a epilepsia (Anacephaleosis, p. 126, § 101). Edital (3 de Junho de 1678) do Inquisidor-Geral, Dom Veríssimo de Lencastre, proibiu o uso no reino de anéis de ouro e prata “e ainda de alguns pergaminhos em que se vêem gravadas e pintadas cruzes e letras, afirmando que têm virtude contra vários acidentes e também contra a peste”. Em Mangualde, a cura da erisipela e o corte do farpão realizam-se dizendo determinadas orações enquanto se vão fazendo cruzes com um anel. Ver um anel em sonhos é prenúncio de casamento próximo ou de reconciliação; recepção de anéis prognostica amizade ou ligação feliz; dádiva de anéis indica amizades envolvidas em traições (para evitá-las é preciso retribuir a dádiva), enquanto perdê-los significa alegria e bem-estar passageiros. Outrora, praticava-se o jogo do anel nas cavalhadas (Estremadura e Alentejo). Bluteau chama memória ou memória lisa a um “anel sem pedra, ou com pedra que não sai para fora ou com diamantes pequeninos ao redor”. Expressões: Mulher aneleira (que usa anéis) é feiticeira; homem aneleiro é feiticeiro. *Anel da fava, *anel da má dor, *anel da unha da grã-besta, *anel de aço, *anel de alquique, *anel de corvina, *argola.

Bibliografia: ALARCÃO, Jorge / DELGADO, Manuela, Catálogo do Gabinete de Numismática e Antiguidades, Lisboa, 1969; ARAGÃO, Teixeira de, Anneis, Lisboa, 1887; BARROCA, Mário Jorge / SEBASTIAN, Luís / CASTRO, Ana Sampaio e, Um “Anel de Oração” do século XIII no Mosteiro de S. João de Tarouca, in Arqueologia Medieval, n. 10 (Fev. 2008), p. 145-157; CARDOSO, Mário, Pedras de anéis romanos encontrados em Portugal, in Rev. de Guimarães, v. 72, n. 1-2 (1962), p. 155-160 [MMC, MMS, MNA, Museu Regional de Castelo Branco e particulares]; CRAVINHO, Graça, Peças Glípticas de Conimbriga, in Conimbriga, v. 11 (2001), p. 143-199; FRANÇA, Elsa Ávila, Anéis, braceletes e brincos de Conimbriga, in Conimbriga, v. 7 (1979), p. 133- 139; GRAÇA, Maria Antónia / MACHADO, João de Saavedra, Uma colecção de pedras gravadas: elementos para um catálogo geral, Coimbra, 1971 [MNA]; LEITE, Ana Magalhães, Jogos, in Douro Litoral, s. 2, v. 2 (1944), p. 45 [descreve jogo do anel em Navais, Póvoa de Varzim]; SEMEDO, Curvo, Polyanthea Medicinal, Lisboa, 1695, p. 42 e 781; VASCONCELOS, J. Leite, Annel e lettras de virtude, in Revista Lusitana, a. 2, n. 3 (1890-1891), p. 261- 264; VITORINO, Pedro, Dois Aneis com inscrições, in Revista de Archeologia, v. 1 (1932), p. 56-59; VITERBO, Santa Rosa, Elucidário (v. Sortelas das Vertudes).

Fragmento do livro AMULETOS da Tradição Luso-Afro-Brasileira de Manuel J. Gandra

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