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Iconografia do Milagre de Ourique e do Rei Afonso Henriques de Portugal

Arquivo IMUB-CESDIES de História Mítica e Cultura Simbólica: ICONOGRAFIA DO MILAGRE DE OURIQUE E DO REI AFONSO HENRIQUES DE PORTUGAL

A Monarquia Portuguesa distingue-se das outras Casas Reais européias por ter sido entronizada diretamente por Cristo e não pelas mãos do Pontífice. Tal acontecimento crucial deu-se a 25 de Julho de 1139 na Batalha de Ourique, onde D. Afonso Henriques passou a usar o título de ‘rex’ (rei) de Portugal – isto é, assumiu, na prática, a condição de monarca de um reino de fato independente, apesar de o reconhecimento ‘de jure’ ter demorado ainda umas dezenas de anos. Por conseguinte, Portugal é uma Monarquia Divina e não uma Monarquia de títulos herdados, baseada no mero direito sucessório, como são as outras Casas Reais européias e inclusivamente a Imperial Casa de Bragança do Brasil que rompeu com o Milagre de Ourique, bem como, com o “Juramento da Imaculada Conceição de Maria” feito por D. João IV à Nossa Senhora da Conceição.

Faz 878 anos desde que o primeiro rei de Portugal D. Afonso Henriques derrotou o rei entre os mouros Ismário na célebre Batalha de Ourique. Ourique, ponto alto da Reconquista Cristã contra a ocupação islâmica, foi ao mesmo tempo a pedra angular da independência nacional. O principal argumento para a presunção da santidade de Afonso Henriques e a eleição de uma Monarquia Divina é o do Milagre de Ourique, que serve para sustentar, em simultâneo, a aclamação do príncipe como rei de Portugal e a existência de Portugal e o seu Destino Imperial enquanto emanação da vontade divina.

Na noite anterior a Batalha de Ourique Afonso Henriques tem um sonho onde lhe aparece um “homem velho de presença venerável”, o qual lhe assegurava a vitória e lhe prometia que o Autor da vida se dignava de lhe aparecer crucificado naquela mesma noite: “Pegou de uma Bíblia, e abriu logo no Cap. 7.º do Livro dos Juízes, onde se refere a vitória que Gedeão alcançou de quatro Reis Madianitas rompendo e destroçando cento e trinta e cinco mil inimigos com só trezentos dos seus. Alegre com tão feliz encontro, levantou o coração ao Senhor dos Exércitos e, com ardentes e fervorosos suspiros, implorou a sua protecção. A este tempo adormeceu e logo começou a sonhar que via um velho de presença venerável, o qual lhe assegurava a vitória e lhe prometia que o Autor da vida se dignava de lhe aparecer crucificado naquela mesma noite. Eis que, no mesmo tempo, entra João Fernandes de Sousa, Fidalgo da sua Câmara, e lhe diz que ficava à porta um homem velho que pedia audiência e que mostrava trazer negócio importante. Entrou e referiu o mesmo que o Príncipe sonhara, acrescentando grandes promessas de futuras felicidades para o mesmo Príncipe e para os Reis seus sucessores, concluindo que, a certo sinal, saísse ao campo a lograr a maravilhosa visão que lhe estava prometida e, ditas estas palavras, se despediu. Ficou o venturoso Príncipe esperando, entre júbilos e alvoroços, o desejado final. No ponto que o ouviu, saiu ao campo e, levantando os olhos ao Céu, viu para a parte do Oriente um resplendor formosíssimo, o qual pouco a pouco se ia dilatando e fazendo maior. No meio dele, viu o salvífero sinal da Santa Cruz e, nela crucificado, o Redentor do Mundo, assistido de inumerável multidão de espíritos Angélicos.

Prostrado por terra, se confessou indigno de tão singular e tão soberana mercê. Mas o Piedosíssimo Senhor o animou e consolou, dizendo que entrasse seguramente na batalha, na manhã seguinte, porque tinha certa e infalível a vitória. Que na mesma manhã o aclamariam Rei os Portugueses. Que aceitasse o Título, porque era disposição e vontade sua que ele fosse Rei de Portugal, Reino que a sua altíssima providência havia destinado para Império, para levar o seu Nome às partes mais remotas da terra. E que, em prova de que recebia o mesmo Reino debaixo da sua Protecção, era servido que ele e seus sucessores formassem as suas Armas das cinco chagas e trinta dinheiros, preço com que comprara a Redenção dos homens e com que fora comprado. Ditas estas palavras, desapareceu a celestial visão e o venturoso Príncipe voltou para os arraiais, cheio (como se deixa ver) de imponderável alegria e revestido de invencível fortaleza.” (in: Padre Francisco de Santa Maria, Anno Historico, Diario portuguez – Noticia abreviada De pessoas grandes, e cousas notáveis de Portugal, Oficina de Domingos Gonçalves, Lisboa, 1744, pp. 398-400).

Eis a descrição da aparição de Cristo crucificado a Afonso Henriques na véspera da Batalha. O sonho de Afonso Henriques é semelhante ao do Imperador Romano Constantino que também vê Cristo e o sinal da Cruz onde está escrito: “Por este sinal vencerás”. Constantino oficializa o Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Séculos depois, o futuro rei D. João IV (o primeiro da dinastia dos Bragança) faz-se iconografar como Afonso Henriques. Nas imagens abaixo, pode-se constatar as semelhanças entre as 3 iconografias dos 3 Monarcas: Constantino, Afonso Henriques e D. João IV.

A hipótese que a Monarquia Portuguesa pode ser estudada como monarquia de direito sucessório é mais uma das inverdades criadas pela historiografia brasileira e europeia, à revelia da documentação de Portugal.

Portugal tem a mais larga e notória trajetória histórica de combate CONTRA O ISLAM no cenário Europeu, bem como, desempenhou sempre um papel de defesa e salvaguarda da cristandade cujo reconhecimento lhe tem sido usurpado pelas razões mais espúrias possíveis. Mas, como prometido por Cristo no Milagre de Ourique, Deus voltará a por os olhos sobre Portugal.


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